[Resenhando] Paperboy - Por Gabi Laganowski
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Skoob / Orelha de LivroSinopse :
Hillary Van Wetter foi preso pelo homicídio de
um xerife sem escrúpulos e está, agora, aguardando no corredor da
morte. Enquanto espera pela sentença final, Van Wetter recebe cartas da
atraente Charlotte Bless, que está determinada a libertá-lo para que
eles possam se casar. Bless tentará provar a inocência de Wetter
conquistando o apoio de dois repórteres investigativos de um jornal de
Miami: o ambicioso Yardley Acheman e o ingênuo e obsessivo Ward James.
As provas contra Wetter são inconsistentes e os escritores estão
confiantes de que, se conseguirem expor Wetter como vítima de uma
justiça caipira e racista, sua história será aclamada no mundo
jornalístico. No entanto, histórias mal contadas e fatos falsificados
levarão Jack James, o irmão mais novo de Ward, a fazer uma investigação
por conta própria. Uma investigação que dará conta de um mundo que se
sustenta sobre mentiras e segredos torpes.
Best-seller do The New York Times, Paperboy é um romance gótico sobre a
vida aparentemente sossegada das cidades do interior. Um thriller tenso
até a última linha, que fala de corrupção e violência, mas que, ao mesmo
tempo, promove uma lição de ética.
Impressões da Gabi :
O
Estados Unidos é famoso por ser um dos países mais populosos,
ricos, modernos e desenvolvidos do mundo. Tem inúmeras cidades
famosas onde todo ano milhares de turistas visitam e gastam seu
dinheiro, tendo Nova York como uma das mais famosas e visitadas, um
lugar onde vemos e temos de tudo um pouco, onde você com certeza se
depara com todo tipo de pessoas. E todo tipo de pessoas significa
todo e qualquer tipo de pessoas, a diversidade cultural e de raças é
muito grande. Seria de se esperar que em lugares assim não
tivéssemos conflitos raciais, mas há, e não são poucos, apesar de
serem, aparentemente, mais fáceis de resolver.
Esse
não é o caso de algumas cidades americanas onde mora o que se
costuma chamar de “americano médio”, o americano que, em se
tratando de homens, são brancos, protestantes, anglo-saxões,
geralmente de baixa escolaridade e muitas vezes, extremamente
racistas. Isso independente de terem alta renda ou não, mas o fato
de terem baixa renda, subemprego, ou não terem emprego, influencia
muito um extremismo exacerbado. Frequentemente algumas pessoas, por
viverem em comunidades fechadas são simpatizantes ou até fazem
parte de grupos de extrema-direita, de visão ultranacionalista,
patriotismo exagerado e xenófobos. Para eles, quem não faz parte de
sua comunidade faz parte da parcela responsável por suas supostas
mazelas, desemprego principalmente. Nesse contexto os imigrantes e
negros são os mais visados, mas também sobra intolerância para
judeus, homossexuais e mulheres, por isso foi colocado que a
definição de "americano médio" se aplica principalmente
aos homens. As cidades onde vivem essas pessoas geralmente são no
interior, regiões agrárias, um pouco ou muito isoladas, o lar do
famoso "caipira americano", aquele que acha que a capital
do Brasil é Buenos Aires. São comunidades fechadas, muitas vezes
alheias aos acontecimentos mundiais mas nem sempre avessas a
tecnologia. Frequentemente são denominadas "condados", o
que nos faz lembrar da Vila dos Hobbits em "O Senhor dos Anéis",
uma comunidade isolada e fechada que desconfia de estrangeiros. De
lugares assim vez ou outra surge um personagem emblemático,
infelizmente de aspecto negativo como Timothy McVeigh, o terrorista
americano que em 1995 explodiu a embaixada de Oklahoma. McVeigh era
militar e culpava o governo por suas frustrações, além de ser
fanático por armas e ter nascido no condado de Lockport, uma cidade
pequena no norte do estado de Nova York.
Paperboy,
de Pete Dexter é ambientado em uma cidadezinha no interior da
Flórida chamada Lately no condado de Moat. Pequena e isolada, não
há muito que fazer na cidade, principalmente para trabalhar. O
personagem narrador, Jack, quando entrou na universidade precisou ir
para Gainesville, uma cidade maior e próxima. Jack James, que conta
a historia, é irmão de Ward James, um jornalista que trabalha no
Miami Times e é extremamente obsessivo nas reportagens que faz, quer
sempre fazer uma investigação minuciosa dos fatos.
Ward trabalha em
parceria com Yardley Acheman, um jornalista pouco afeito a trabalho
duro, preferindo mais curtir a fama que suas matérias trazem. De
modo geral Ward produz as reportagens, investigando os acontecimentos
e Yardley as roteiriza, pois tem grande facilidade com as palavras. O
assassinato de um xerife e a condenação de seu suposto assassino se
tornam a história que poderá render fama ao jornal e a seus
repórteres, embora venha afetar a vida aparentemente pacata da
cidade. O xerife Thurmond Carl, até então, no cumprimento do dever,
só havia matado negros. Foi assassinado talvez como vingança pelo
único branco que matou. O acusado era primo da vitima,
Hillary Van Wetter. Os Van Wetter são considerados uma família violenta, são numerosos e formam uma comunidade fechada onde até os casamentos são preferencialmente feito entre eles, as mulheres, em sua maioria são relegadas a terceiro ou quarto plano e não podem nem falar com estranhos.
Hillary Van Wetter. Os Van Wetter são considerados uma família violenta, são numerosos e formam uma comunidade fechada onde até os casamentos são preferencialmente feito entre eles, as mulheres, em sua maioria são relegadas a terceiro ou quarto plano e não podem nem falar com estranhos.
Jack
e Ward, mesmo tendo nascido na cidade são hostilizados pelo trabalho
de investigação que fazem, pois ninguém na cidade acha que o
resultado trará algum benefício, até Hillary Van Wetter, que está
no corredor da morte, não entende e desdenha do trabalho dos
repórteres, se interessando somente em ter Charlotte Bless que, por
causa de seu mórbido desejo de se casar com o condenado, é a
responsável pelo jornal ter iniciado a investigação. Percebemos,
no meio de toda história um perverso jogo de interesses. Desde o
jornal, que não se importa com a veracidade dos fatos, apenas com a
venda de jornais, o repórter cujo interesse é obter fama em
detrimento da ética e uma comunidade que não se importa que uma
injustiça seja esclarecida, prefere que as coisas fiquem como estão,
estando certas ou não. Até que ponto podemos ir para que o bom
senso e a razão prevaleçam? Como conseguir suportar a dor física e
o sofrimento sem ser corrompido? Paperboy nos coloca questões
importantes sobre o quanto de humanidade podemos tentar enxergar nas
pessoas, e se é possível confiar nessa humanidade através de Ward
James, que tenta de todos os modos encontrar a verdade atrás dos
fatos.
Paperboy
foi transformado em filme com direção de Lee Daniels, tendo Nicole
Kidman e Zac Efron nos papéis de Charlotte e Jack. Provavelmente
algumas modificações foram feitas em relação ao livro para que
ele ficasse mais acessível ao público, como quase sempre, quem lê
o livro se decepciona com a adaptação para as telas. O filme não
teve uma repercussão muito grande, apesar do bom elenco, mas
aparentemente é um bom filme, com cenas fortes e chocantes. Apesar
de percebermos no livro uma ênfase maior na personalidade de Ward,
de modo geral o que fica em evidência é a intolerância racial, no
filme o repórter Yardley é negro e a narração da história é
feita é feita por Anita Chester, a empregada negra dos Ward. O ideal
é comparar os dois e tirar suas próprias conclusões.
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(
Atom
)
Como eu estudo jornalismo, acho fundamental esses livros que trazem histórias com foco diferente dos convencionais. Mais características, mais informações, às vezes teorias, e lições de vida. Nos meus anos de curso, já deparei com algumas histórias como essas, e curti muito todas elas.
ResponderExcluirhttp://mundo-restrito.blogspot.com.br
OI Jú. Com certeza é um universo pouco explorado, porém muito rico.
ExcluirQue bom que curtiu, talvez seja mais uma para que você possa acrescentar ao dos que gostou.
Beijos
www.estilogisele.com.br
É muito legal ver tratado em um livro, um outro tipo de americano que não conhecemos muito bem. Gostei do que li, o livro parece interessante e sem dúvidas o filme também. Tenha uma semana abençoada, beijos!
ResponderExcluirBlog Paisagem de Janela
paisagemdejanela.blogspot.com.br
Oi Paula,
ExcluirEste livro é bem diferente do que estamos habituados, pelo menos num contexto geral né ?!
Fiquei com vontade de ver o filme.
Beijos
Que capa linda!
ResponderExcluirAmei a história e ótima resenha :) Já quero ler!
Bjss
http://devaneiosinsignificantes.blogspot.com.br/
Também amei a capa.
ExcluirBeijos
Oii
ResponderExcluirNunca ouvi falar dessa história, mas se esse filme já saiu eu vou com certeza vou querer assistir !
O Outro Lado da Raposa
Eu também não conhecia. Mas farei questão de ver o filme.
ExcluirBeijos
Que bom estão gostando da resenha!!! O livro é maravilhoso!! Vale a pena ler! Diferente, rebelde, inusitado...
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